segunda-feira, fevereiro 25, 2008

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Fernando Pessoa - Poesias coligidas inéditas -1919-1935)
O que eu fui o que é?
Relembro vagamente
o vago não sei quê
que passei e se sente

Se o tempo é longe ou perto
Em que isso se passou
Não sei dizer ao certo
Que nem sei o que sou

Sei só que me hoje agrada
rever essa visão
sei que não vejo nada
senão o coração

Superficial [como um espinho]

by Ira!
Composição: Edgar Scandurra

Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Cercada por concreto
Inundada por ondas de paixão

Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Fechada em meus sentimentos
Calado e tão só

E vou matando um leão por dia
Não posso ficar parado
Pensando se seria melhor ou não
Era a oposição que nos atraía
Eu tão socialista
E você tão neoliberal

Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Fechada em meus sentimentos
Calado e tão só

Aaaaah!Aaaaaah!Aaaaah!Aaaaaah!

Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Cercada por concreto
Inundada por ondas de paixão

E muito louca é a sua caretice
Equilibrada é a sua insensatez
E admirável a sua intolerância
Mas não posso perder mais meu tempo
Bye, bye Adeus

domingo, fevereiro 17, 2008

Sopro de Vento

Meu sorriso é silêncio
é sopro de vento
que passa depressa
de diante em agora.

Quando antes sem
hora hoje alonga a travessa
entre o ser e não ser
– e adianto: não sou
o que o riso confessa.

Não estou tão presente
em risos que rio, gargalho, festejo.
Por detrás de uma boca:
rumores que almejo.
desejos de um dia...

Quem é que diria?
Mais prática facial que alegria.

É onde junto os motivos
– não os tenho?os invento.
Meu sorriso sorri
pra não ser só lamento.



by Isolda Herculano

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

La tregua [fragmento]

Carlos Araujo


Ese mar es una especie de eternidad. Cuando yo era niño, él golpeaba y golpeaba, pero tambíen golpeaba cuando era niño mi abuelo, cuando era niño el abuleo de mi abuelo.
Una presencia móvil pero sin vida. Una presencia de olas oscuras, insensibles. Testigo de la historia, testigo inútil porque no sabe nada de la historia. Y si el mar fuera Dios?
[Mario Benedetti]